Vila de Rei

vila-de-rei-DSC00187Situado precisamente no Centro Geodésico de Portugal e com uma área de 193,44 Km2, o Concelho de Vila de Rei assume-se como uma península, pelo facto de estar limitado a norte pela Ribeira da Isna, a sul pela Ribeira do Codes e a oeste pelo Rio Zêzere.

O território é bastante montanhoso, atingindo altitudes próximas dos 600 metros, como é o caso da Serra da Melriça, ex-libris do concelho por albergar o Picoto da Melriça – Centro Geodésico de Portugal.

Em tempos recuados e de acordo com os vestígios mais antigos que existem na área do concelho, terão sido os Celtas e depois os Romanos, os primeiros habitantes. Tratando-se contudo de uma zona geologicamente muito antiga, onde é possível encontrar com alguma frequência fósseis e outros vestígios pré-históricos, é provável que povos muito mais antigos por aqui tenham vivido.

Após o nascimento da nacionalidade, a primeira data relevante remete-nos para o foral de D. Dinis, que em 19 de Setembro de 1285 cria o concelho de Vila de Rei. Este foral foi mais tarde renovado por D. Manuel I, em 1 de Outubro de 1513. No século XIV, tanto a Ordem dos Templários como a Ordem de Cristo, povoaram, desenvolveram e defenderam este território. No início do século XIX, as terras de Vila de Rei sofreram o impacto devastador das invasões francesas. Mais recentemente, o evento que deixou marcas mais profundas na fisionomia do concelho foi a construção da barragem de Castelo do Bode e a subsequente formação da Albufeira. Com a subida das águas, uma parte significativa do concelho ficou submersa tendo-se perdido oito povoações.

Vila de Rei - MisericordiaEm termos de património histórico destacamos duas igrejas, a Antiga Igreja Matriz de Vila de Rei e a igreja da Misericórdia. A primeira, também conhecida como Igreja de Santa Maria, terá provavelmente sido construída durante os tempos da Rainha Santa Isabel, nos séculos XIII e XIV, sendo mais alta e artística do que actualmente. No Outono de 1807 foi profanado pelos soldados de Napoleão durante as Invasões, que a chegaram a transformar em cavalariças. No ano de 1899 foram feitas obras na Igreja, e vinte anos mais tarde foram reparados os altares.

A segunda, localizada no Centro Histórico da Sede de Concelho, julga-se que terá sido à volta deste local de culto que se julga ter dado origem ao primeiro aglomerado populacional e paróquia da então vila de nome Portela de São Sebastião, a que hoje chamamos Vila de Rei. Datada do final do século XVII. É composta por capela-mor e nave única, com cobertura de caixotões pintados.

 

Flora

Embora o concelho de Vila de Rei seja caracterizado pelos povoamentos de pinheiro bravo e eucalipto, podemos afirmar que existe vegetação com particular destaque, particularmente junto às linhas de água, onde se concentra a maior riqueza botânica e nas manchas que sobreviveram aos incêndios de 1986 e de 2003, que fustigaram a região.

Destacamos o sobreiro (Quercus suber, L.), cuja regeneração tem sido notória, espécie típica da floresta dita mediterrânica, o carvalho-roble (Quercus róbur, L.), que no concelho estava a par do castanheiro (Castanea sativa, L.), até este último ficar reduzido a alguns exemplares dispersos, fruto da doença da tinta, que quase o dizimou em Portugal, e as espécies associadas aos cursos de água como o amieiro (Alnus glutinosa, L.), o freixo (Fraxinus angustifólia, L.), diversas espécies de salgueiros (Salix, spp.), e o sabugueiro (Sambucus nigra, L.).

Embora se associe também à paisagem da região espécies como a esteva (Cistus ladanifer, L.), o estevão (Cistus populifolius, L.), o sargaço (Cistus salviifolius, L.), os tojos (Ulex, spp), e as urzes (Erica, spp e Calluna, spp) existem outras espécies no concelho com interesse, como o caso das diferentes espécies de rosmaninhos (Lavandula stoechas, L., Lavandula pedunculata, L. e Lavandula latifolia, L.), o medronheiro (Arbutus unedo, L.), a murta (Myrthus communis, L.), a gilbardeira (Ruscus aculeatus, L)., o pilriteiro (Crataegus monogyna, L), a aroeira (Pistacia lentiscus, L), o folhado (Viburnum timus, L) e até uma espécie de orquídea singular (Orchis mascula, L.) que ocorre em Portugal.

 

Fauna

Em termos de fauna, não mencionando apenas as espécies com interesse cinegético como o coelho bravo (Oryctolagus cuniculus), a perdiz vermelha (Alectoris rufa) e o javali (Sus scrofa) e outras mais habituais como o caso da raposa (Vulpes vulpes) e do saca-rabos (Herpestes ichneumon), existem mais espécies a destacar, entre elas avifauna como o caso do guarda-rios (Alcedo atthis), o milhafre preto (Milvus migrans), destacando uns casais que nidificam junto ao espelho de água da barragem de Castelo de Bode, que apresentam uma característica curiosa de capturarem peixes como se fossem águias pesqueiras, a águia de asa redonda (Buteo buteo), bem como alguns avistamentos de águia de Bonelli (Aquila fasciata), entre outras espécies que certamente qualquer observador de aves gostará de ter a oportunidade de ver.

Destacamos também espécies como a lontra (Lutra lutra), que tem repovoado novamente os cursos de água do concelho, sendo já frequente avistá-la e o esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris).

Falando em cursos de água e acrescentado o facto do concelho de Vila de Rei ter uma extensa margem da barragem de Castelo de Bode, não podíamos deixar de destacar a existência de espécies piscícolas, principalmente pelo seu interesse para a pesca desportiva, tanto espécies endémicas como o caso do barbo (Barbus bocagei) e da boga (Chondrostoma lusitanicum), como de espécies introduzidas, entre elas a carpa (Cyprinus carpio) e o achigã (Micropterus salmoides), sendo esta última considerada por muitos pescadores como a “truta do Sul” ,tal não é o entusiasmo que a sua pesca dá.

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Conheiras

ConheiraAs conheiras são áreas de seixos rolados amontoados como resultado da exploração mineira de ouro aluvionar pelos Romanos.

Vila de Rei têm um dos maiores, e peculiar, conjunto das conheiras identificadas na península ibérica, com amontoados podem atingir 200-500 metros de Extensão superficial e 10–20 metros de profundidade.

conheira-portrait

INFOGRAFIA: ANYFORMS; Fontes: Teresa Rita Pereira e Carlos Batata