Dornes, Torre pentagonalA vila de Dornes, situada no extremo Norte do Ribatejo, portas meias com a Beira Interior, é uma das mais carismáticas localidades portuguesas. Riquíssima de história e tradições, a ela está ligada uma profunda religiosidade, ainda hoje bem presente, por exemplo, nas peregrinações realizadas à Igreja de Nossa Senhora do Pranto, os “Círios”

Pertencendo actualmente ao concelho de Ferreira do Zêzere, integrada na freguesia de Nossa Senhora do Pranto, Dornes foi já sede de concelho, entre 1513 e 1834, reflexo do desenvolvimento de que à época gozava. Mas esta localidade é muito mais antiga, tendo sido terra templária (sec. XII). Desta época subsiste o seu símbolo mais marcante, a Torre Pentagonal, mandada construir por D. Gualdim Pais, Mestre da Ordem do Templo. Esta torre tinha função de vigia e encontrava-se integrada na linha defensiva do Tejo e seus afluentes, que incluía também os Castelos de Tomar, Almourol e outros até à região de Castelo Branco.

 

Outro monumento emblemático de Dornes é a Igreja de Nossa Senhora do Pranto. Mandada reconstruir (existem referências à existência de um templo em Dornes datadas do séc. XIII e XIV) por Frei Gonçalo de Sousa em 1453, facto atestado pela lápide que ainda hoje se pode observar na fachada. A igreja que podemos conhecer actualmente é o resultado de obras realizadas a partir do séc. XVI. No seu interior tem interesse destacado o magnífico órgão de tubos oitocentista.

O encanto de Dornes emana também das suas paisagens onde o azul das águas da albufeira se combina com o verde das serras circundantes. O espelho de água que rodeia a península onde Dornes se situa é o traço mais surpreendente para quem pela primeira vez visita Dornes.

Entre florestas de pinheiros e de eucaliptos descobrem-se ainda bolsas da vegetação que antes cobria as serras: sobreiros, castanheiros e carvalhos persistem como testemunho da ocupação original da terra, a par com áreas agrícolas onde o olival e as culturas de cereais eram dominantes.

A grande área de floresta envolvente, os rochedos nas margens da albufeira constituem um habitat ideal para numerosas espécies da fauna: javalis, saca-rabos, raposas, esquilos são apenas alguns exemplos. Muitas não são fáceis de observar, como a lontra, mas podemos aprazer-nos com a observação de várias aves, principalmente ao longo da albufeira, como garças, mergulhões ou corvos marinhos.

Todo o encantamento de Dornes não está (nem poderia estar) aqui totalmente demonstrado. Para o poder apreender em toda a sua plenitude há que vivenciá-lo in loco, percorrendo as suas ruas, os caminhos ou o rio e deixar-se envolver pela sua magia.

 

 

Lenda de Nossa Senhora do Pranto

Virgem com o filho morto nos braços

Quando do seu casamento com D. Dinis, Dona Isabel teria recebido como dote estas terras de Dornes. Aqui seria seu Feitor, Guilherme de Pavia, homem tão crente e bondoso que era tido como Santo. Diz-nos a lenda que o Feitor, durante a noite, começou a ouvir um choro e gemidos que vinham do outro lado do rio. De dia, por mais que procurasse entre os matos da Serra Vermelha, nada encontrava.

Intrigado, resolveu dar conta à Rainha deste estranho acontecimento e pôs-se a caminho de Coimbra. Porém, assim que chegou e antes dele falar já Dona Isabel sabia a razão que ali o levara. Indicou-lhe o local exato onde havia de procurar e logo lhe disse que iria encontrar uma imagem da Virgem com o filho morto nos braços.

Guilherme voltou a Dornes e logo partiu para o outro lado do rio, indo encontrar a imagem exactamente no local indicado pela Rainha. A Rainha Santa mandou edificar então uma Igreja junto à Torre Pentagonal onde seria colocada a Imagem.

In Dornes- O Tesouro dos Templários